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N.º 148, Tishri-Tevet 5711 (Set-Dez 1950)







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nossas hipóteses, e que ele nos eleva ape-
sar de tudo e à nossa razão para um fim
superior a nós próprios. O que é que con-
duz o desenvolvimento da semente para a
planta? Do embrião para o animal? Que
e que impele o homem a elevar-se acima
da animalídade, e a restringir a sua vida
física em proveito da sua razão e da sua
consciência? O filósofo pode tentar obter
algumas razões pela análise: a razão pro-
funda nos escapa. Mas, há em nós senti-
dos que não nos enganam: como o amor
maternal, como o gosto do corcel para a
onda pura, como a atracção da criança de
mama para o seio, o sentido da santidade
nos impede para um fim certo; como a
célula humana se deve desenvolver no sen-
tido da formação do homem, assim este se
deve desenvolver no sentido do espirito
divino. "O valor da vida,-diz W. James
(a Vontade de Crer)-reside na persuasão
que a ordem natural, longe de ser defini-
tiva, não é senão um sinal, uma imagem,
um aspecto dum universo mais complexo,
onde as forças espirituais e eternas têm a
última palavra".

             CAPÍTULO IV

Como a ideia de santidade penetra
a vida judaica

O sentimento de santidade é desper-
tado e cultivado nos corações judeus por 



um conjunto de actos que constituem as
práticas da vida judaica. Graças a uma
vasta rede de ritos simbólicos a santidade
cerca o fiel durante toda a sua existência,
de manhã à noite, dum fim da semana ao
outro, do começo ao fim do ano nasci-
mento à morte.

É ai o papel da oração diária, das leis
alimentares, das três festas e das diferentes
cerimónias que cercam a nossa existência,
como a circuncisão, a promoção à digni-
dade de Bar Miçvah (pessoa responsável),
o casamento, sem disto excluir a morte.

De tempos a outros, a reserva de san-
tidade é renovada pela colaboração de
dias especialmente destinados a este efeito:
o Shabath, no período semanal; os Dez
dias de Exame de Consciência, cujo ponto
culminante é o Jejum de Kipur, no ciclo
do ano.

Santidade em exercicio, santidade gera-
dora, é nestas duas categorias que se en-
contram repartidas as práticas da vida ju-
daica. Nós as reencontramos repartidas
formando um todo homogêneo, nos ciclos
semanal e anual; quanto ao ciclo da vida,
que podia ser regulado, o momento de
regenerar a santidade é deixado à facul-
dade dos fiéis, que podem escolher o mo-
mento de o fazer: "Teshuvah" (o exame de
consciência). Nós consagramos a segunda
parte deste esboço a examinar o exercício
da santidade em cada um destes três ciclos
da vida humana.        
                         (Continua).

 
 

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           SALMO CXXXVII

Chegados a um rio, em Babilônia,
Descansamos ali naquelas margens
A chorar sobre Sião com saudades!

Penduramos as harpas nos salgueíros.
Embora os que nos tinham feito escravos
Desejassem ouvir os nossos cantos.

Haveis de nos cantar, diziam eles.
Que nos tinham trazido viva força,
Canticos de Sião, cantai-nos hinos.

Mas, debalde pediam: que em verdade
Havíamos de nós cantar, chorando.
Cânticos do Senhor em terra estranha!

Tu não nos passas nunca, da memória
Santa Jerusalém! Se te esquecermos.
Deus permita que os braços se nos tolham.

Que a língua se nos prenda de maneira
A nunca mais articular palavra!
Se um dia te riscarmos da lembrança.



Tu és o nosso único desejo!
Sempre, Jerusalém, em todo o tempo
Serás a nossa única alegria.

Senhor lembrai-vos dos que já passaram
Aí em Jerusalém dilosos dias...
São os filhos de Edom que te suplicam.

Gritem debalde os nossos inimigos.
Seja arrazada pelos alicerces
E não lhe fique pedra sobre pedra.

Abençoado aquele que te pague,
Perversa Babilônia, na moeda
Em que pagaste ao povo israelita.

Abençoado aquele que algemados
Te arranque do regaço os tenros filhos
E em cima de uma pedra os esmigalhe.

    Tradução livre, em verao pelo
    poeta João de Deus, no seu
    livro "Campo de Flores".


 
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