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N.º 148, Tishri-Tevet 5711 (Set-Dez 1950)







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             MEMÓRIAS

da Literatura Sagrada dos judeus portugueses desde os
primeiros tempos da Monarquia até fins do Século XV

             MEMÓRIA I

    POR ANTONIO RIBEIRO DOS SANTOS

       (CONTINUAÇÃO DO N.° 147)

(Os Códigos Alemães tinham caracte-
res, que imitavam os Góticos, e eram
tortuosos, e grosseiros como se vê nas
primeiras edições alemães de Livros He-
braicos, e nas Biblas Hebraicas de Munster.
Já notou estas coisas Ricardo Simão na sua
indagação crítica, p. 10).

As letras iniciais eram iguais às outras
maiores não ajuntavam o Targum ao Texto.
nem a cada verso, mas o punham ao lado,
e em caracteres menores. Daqui vinha a
muita elegância e polimento, de que eram
gabados os Ms. Biblicos de Espanha e Por-
tugal sobre todos os italianos, alemães e
levantinos. (Este é o juizo, que deles faz
o Abade Banier na Prefacção à obra da
História geral das cerimónias de todos os
povos, p. 46, e com ele conforma o de
muitos outros cristãos, e também judeus
mui versados nestes estudos).

E pelo que toca a Portugal é certo,
que muito nisto se esmeravam os Judeus
Portugueses. Dos Ms. que ainda hoje res-
tam, se pode coligir, quanto era a perfei-
ção de seus códigos. Primorosos são por
sua grande elegância, e polimento, segundo
atesta João Bernardo de Rossi, os dois có-



digos Ms. Lisbonenses do Pentateuco de
1473, e de 1480; o Eborense do mesmo
Pentateuco de 1495; e o outro Lisbonense
dos Profetas menores de 1470 (Ao pri-
meiro chama Rossi Elegantissimus Codex,
ao segundo e terceiro Nitissimus Codex
ao quarto Pulcherrimus Codex, tom. 1
das várias lições do testamento velho nos
Códigos Ms. da Colação de Kennicott,
p. LXXXIX n. 520, p. LXXXVIII n. 548.
p. LXXXIX. e nos Códigos Ms. que se
devem acrescentar à Bíblia do Autor,
p. CIX n. 411). A Bíblia que possuía
D. José Abarbanel em Veneza no século XV
escrita em Lisboa de que já falamos era
de uma estremada perfeição, que maravi-
lhava a todos. (Manuel Aboab a viu, e
dela fala com muito pasmo na parte se-
gunda da sua Nomologia c. XIX. p. 218, e
seg. Ali mesmo atesta haver em nossa
Espanha muitos Ms. Biblicos de rarissima
perfeição, e que subia a tanto a estimação
que se fazia deles, que por uma Biblia
correcta, e de boa letra se; davam cem
escudos de ouro, e às vezes mais).

                           (Continua).

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de meia dúzia de desvairados que lá longe,
na Palestina, mataram dois sargentos bri- 
tânicos, como represália pelo enforcamento
de três judeus.

Doloroso espectáculo a que o Mundo
assiste. Quando a guerra acabou todos
nós suposemos que a famosa Carta do
Atlântico reforçada em S. Francisco pelo
voto de vinte e uma nações, diria aos povos
o direito de escolherem livremente os go-
vernos e os regimes que mais lhes con- 



viessem e que garantia o estabelecimento
de pátrias livres, verificamos que os mes-
quinhos interesses ainda dominam o Mundo.

Mas como os Judeus da Palestina que
desbravam a terra e conquistam o deserto,
todos nós devemos lutar para que a Huma-
nidade seja mais alguma coisa do que uma
sociedade comercial que só pensa no lucro
dos seus negócios.

   Da Flor do Tâmega Amarante, 10-8-1947


 
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