N.° 148 PORTO - Luas de Set.°, Out.°, Nov.° e Dez.° - 5711 (1950 e. v.) ANO XXV ============================================================================================================= Tudo se ilumina _______ ___ _______ |=|____ _______ ...alumia-vos para aquele que |____ ||_ || ___ ||____ ||_____ | e aponta-vos o busca a luz. | | |_| \_\ | | / / _ | | caminho. | | _____| | / / | | | | BEN-ROSH |_| |_______| /_/ |_| |_| BEN-ROSH (HA-LAPID) O FACHO ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- DIRECT. E EDITOR: -A. C. DE BARROS BASTO (BEN-ROSH) || COMPOSTO E IMPRESSO NA IMPRENSA MODERNA, L.DA Redacção na Sinagoga Kadoorie Mekor Haim || Rua da Fábrica, 80 Rua Guerra Junqueiro, 340 - Porto || ------------------- P O R T O ------------------- ------------------------------------------------------------------------------------------------------------- ESBOÇO DUMA DOUTRINA JUDAICA por DAVID BERMAN Rabi da Comunidade de Bruxelas PRIMEIRA PARTE Fundamento da Doutrina Judaica CAPÍTULO I A santidade "A santidade. dizia o falecido Rabi- -mor Zadoc Kahn (Sermons et Alloc. tomo I. pág. 57)-eis o primeiro e o úl- timo termo da moral israelita". A ideia de santidade resume, com efeito, toda a vida judaica: é ela que explica a sua armação cultural e ritual como as suas concepções éticas e filosóficas. O judaísmo apresenta esta originalidade por relação aos cultos pagãos de ter percebido, para além dos artifícios do sagrado oposto ao profano, a realidade de santidade oposta à vulgaridade, à lealdade, à baixeza da vida. Como existe uma estética da forma e dos sentidos. ele afirma que existe uma beleza da vida. uma ordem de valor para a con- duta humana. Toda a vida judaica está assim regida: o fiel deve manter-se num certo nível de santidade: a pureza; ele deve fugir desta decadência que é a impureza. e esforçar-se por conquistar este valor superior: a san- tidade. CAPÍTULO II Em que consiste a Santidade Quais são os actos que conduzem à santidade, e quais são os que afastam dela? Não se trata de estabelecer um inventário de tudo o que pode ser cumprido na vida, e de repartir em duas colunas correspon- dentes a estas duas classes de factos: "Nós sabemos agora, duma maneira geral, quais são os deveres do homem para con- sigo mesmo e para com os seus seme- lhantes. Mas qual será contudo a regra constante e invariável que nos guiará no meio das complicações da vida e das contradições que muitas vezes ferem o nosso coração? Porque não é preciso dissimulá-lo, o dever não é sempre fácil de conhecer, e apesar das luzes da razão e a voz da consciência, ele apresenta por vezes circunstâncias delicadas, dificeis, onde a alma mais honesta e a mais firme hesita e se perturba, onde as trevas pare- cem tornar-se densas à volta de nós e o chão fugir debaixo dos nossos passos. Qual será pois, ainda uma vez, a medida
N.º 148, Tishri-Tevet 5711 (Set-Dez 1950)
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