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N.º 150, Shevat-Tamuz 5712 (Jan-Jun 1952)







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 2             HA-LAPID
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O Deus do Pentateuco é o Deus universal

     Pelo Comandante A. LIPMAN

Para o demonstrar, vamos examinar
sucessivamente a conceição do Deus cria-
dor, a dos patriarcas e a do Deus de Moisés.

1.° O Deus criador-Não creio que
ninguém conteste a antiguidade da narração
da Criação, pela qual começa o livro do
Gênesis. Se se está bem apoiado sobre
os ingénuos antropomorfismos que ele apre-
senta! Ora, que nos mostra esta narração?
Mostra-nos um Deus que, pela sua vontade
omnipotente, sem matéria prima, sem o
socorro de ninguém, criou o universo.
É impossivel conceber um Deus mais uni-
versal. O dilúvio em seguida destrói toda
a humanidade, salvo Noé e a sua família.
Depois do falhanço da Torre de Babel, a
descendência de Noé povoa a terra e as
setenta nações, enumeradas como saidas
desta descendência, são consideradas pela
narração mosaica como constituindo a nova
humanidade toda inteira (Gênesis, cap. X
e XI; XI, 9).

2.° O Deus dos patriarcas-A narra-
ção bíblica continua pela história dos pa-
triarcas. Deus revela-se a Abraham; mas
o pacto que Ele conclui com ele não inte-
ressará a ele só e ao povo hebreu: "Eu
próprio trato contigo; tu serás o pai duma
multidão de nações. Teu nome não se
pronunciará mais Abram: teu nome será
Abraham, porque eu te faço pai duma
multidão de noções" (Gênesis, XVI, 4-5).

Depois da terrivel prova de Abraham,
esta promessa é repetida mais claramente
ainda: "E todas as nações da terra serão
felizes pela tua prosperidade, em recom-
pensa de tu teres obedecido à minha voz-
(XXII, 18).

De facto, Cristãos e Muçulmanos, toda
a humanidade civilizada, reclamam Abra-
ham, e não sómente os israelitas.

Esta promessa de ordem universalista
é em seguida renovada a Isaac, depois a
Jacob (Gênesis. XXVI, 4; XXVIII, 14).

Além disto, viu-se, desde o capítulo
XIV, 18-23, Melchisedek, depois Abraham,
prestar juramento "diante do Eterno, Deus
supremo, autor do céu e da terra".

3.° O Deus de Moisés-Deus revela-se



a Moisés no monte Horeb, como o Ser
por excelência: Eu existo porque eu existo".

Moisés disse a Deus: Eis que eu vou
encontrar os filhos de Israel e dizer-lhes:

-O Deus de vossos país me enviou
para vós: se eles me dizem: Qual é o seu
nome? Que lhes direi? Deus respondeu
a Moisés: "Eu existo porque existo".

E acrescentou: Assim falarás aos filhos
de Israel: O Eterno. Deus de vossos país,
Deus de Abraham. Deus de Isaac e Deus
de Jacob me enviou para vós.

Tal é o meu nome para sempre, tal é
o meu atributo de geração em geração
(Exodo, III, 13-15).

Identidade completa, vê-se, entre o Ser
por excelência e o nome quadrilátero, que
nós exprimimos por este motivo por o
Eterno".

A universalidade do Deus de Abraham.
implicitamente afirmada nas narrações do
Gênesis, é pois explicitamente proclamada
pelo Exodo. Nada de mais universal que
o Ser por excelência, "Aquele pelo qual
nós vivemos" segundo a curiosa expressão
de Aristóteles.

Aqui se impõe uma nota de ordem
geral, que esclarecerã com uma viva luz a
questão, tão sabiamente obscurecida, do
"deus nacional de Israel".

É certo que na Torah, Israel mantém o
lugar preponderante. O Genesis é pleno
da história dos patriarcas, que é a história
das origens de Israel. O Exodo é princi-
palmente a narração da libertação de Israel.
da sua organização religiosa. O Levítico
é em grande parte consagrado às prescri-
ções do culto público de Israel, os Números
às provas de Israel no deserto. O Deute-
ronómio só é uma lembrança dos princi-
pais ocontecimentos vividos por Israel, das
leis que Israel recebeu e uma apurada
exortação de ter de seguir estas leis. Assim
um leitor superficial poderia, à primeira
vista, acreditar que o Pentateuco só se
ocupa dum pequeno povo e do deus deste
pequeno povo.

Mas se se lê atentamente, que se vê?
Vê-se que este pequeno povo é o povo


 
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