6 HA-LAPID ============================================ III - Dignidade da mesa A pureza dos manjares não seria sufi- ciente se ela não fosse completada pela dignidade do porte e a correcção dos ditos. "As pessoas bem educadas de Jerusalém, relata o Talmud (Sanhedrim 23 a, Pesahim 86 b, Derekh erets VI e VII), não aceitavam nunca jantar sem saber quem eles teriam a seus lados". Os nossos Rabinos da anti- guidade conheciam todo um protocolo de saber viver que dariam bem pontos aos nossos melhores tratados actuais. Certos de entre eles vão mesmo até exigir que as palestras de mesa sejam sempre sérias e que tenham por assunto a Lei divina (Aboth III, 3). A tradição judia tem, de resto, realizado as suas vistas cercando as refeições com bênçãos, a de sexta-feira à noite, de Zemiroth, e a da Páscoa, da lei- tura de Hagadah, sem prejuizo das consa- grações de abertura (Kidush) que inaugu- ram as do sábado e das festas. O judaismo não tolera a mesa vulgar ou licenciosa, quer seja à moda dos antigos gregos ou romanos, ou dos modernos amigos de comezainas. Em nenhum momento ele permite o relaxamento da dignidade e do respeito humano. CAPÍTULO VIII I - Santidade geradora O Sábado Se a santidade não deve nunca fazer falta, ela não pode, contudo, manter-se constantemente a uma altura igual: assim, o dia do Sábado é consagrado especial- mente a renovar as forças de santidade (yom menuhá ukedushá). Ele não é um simples dia de repouso semanal: é um dia de recreação espiritual (oneg shabath); é um dia em que nós pedimos a Deus para "purificar nosso coração a fim de poder ser- vi-lo mais fielmente. "Em nos convidando ao doce repouso do Sábado, Deus nos re- vestiu de santidade (Shemoné esré)". É a razão pela qual, na religião judia, ele tomou um lugar tal que muitos preferiram-se deixar massacrar antes que violá-lo, e que os nossos profetas o verdadeiro fiel pelo seu amor pelo Sábado. "Se tu te abstens no dia de Sábado-diz o Profeta Isaías (LVIII, 13-14)-de seguires os teus hábi- tos, se tu fazes dele um dia de delicias e que tu o honras como um dia consagrado a Deus, eu te farei conquistar as alturas do país e gozar da propriedade de Jacob, teu autepassado". Este dia foi tão caro aos israelitas que eles lhe votaram um amor comparado ao de dois jovens seres. Na véspera do Sábado quando os últimos raios do dia se retiram diante das sombras do crepúsculo, que fazem cortejo ao Sábado, a comunidade de Israel, enfeitada com os seus mais belos adornos, sai ao seu encontro para receber- a sua bem amada, a solenidade do Sábado. "Vamos perante o Sábado! É a fonte da nossa felicidade... Desperta-te, Israel! Uma luz esplêndida brilha sobre ti! Des- perta-te, entoa cânticos de alegria: a ma- jestade divina avança para ti!... Sê ben- vinda, a alegria do teu bem amado, ó Sábado bem amado, vem te alegrar no meio de nós! Vem, ó Sábado bem amado. vem-te alegrar no meio de nós! (ritual de sexta-feira à noite)". O judaísmo fez ao Sábado um lugar de honra distinguindo-o ostensivamente dos outros dias; ele é aberto pela consagração do Kidush e encerrado pelo rito da Hab- dalah. Assim, a semana atinge o seu ponto culminante em plena santidade. (Continua). * FESTAS EM 1952 Purim - 11 de Março. Páscoa - 10 de Abril. Shabuoth - 30 de Maio. 9 de Ab - 31 de Julho. Rosh Ha-shanah - 20 de Setembro. Kipur - 29 de Setembro. Sukoth - 4 de Outubro. Hanukah - 13 de Dezembro. -------------------------------------- Visado pela Comissão de Censura
N.º 150, Shevat-Tamuz 5712 (Jan-Jun 1952)
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