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N.º 150, Shevat-Tamuz 5712 (Jan-Jun 1952)







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 8           HA-LAPID
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bardia, o reconhecimento da força que
lhes empolga o corpo e a alma.

Não é melhor sacrificar o corpo e bra-
dar bem alto a sua fé?!

Foiheando, ao acaso, a história das per-
seguições aos iraelitas, encontramos aquele
decreto cruel do mais feliz e do menos
valoroso rei de Portugal, da dinastia de
Aviz, D. Manuel I, pelo qual ordenava o
sequestro dos filhos dos judeus.

O amor da familia hebraica é tradicio-
nal. Amam os filhos como a continuação
de si próprios e da raça; labutam para
que sejam ricos e venturosos e nos seus
lares reina a dignidade. A educação da
prole, dentro dos princípios da sua reli-
gião, é feita com todo o critério e sem
desvio.

Quando o decreto, datado de Evora,
em Abril de 1497, ordenava que tirassem
os filhos aos judeus, houve os que foram
obrigados a entrega-los às autoridades para
serem educados por ordem do rei e a seu
talante, dentro do catolicismo, mas também
houve, entre os que expoliavam do seu
amor, os que preferiram matar a prole e
com ela morrer do que vê-la nas mãos dos
inimigos da sua fé.

Que heróica e honrada resolução! Pe-
rante a memória daqueles pais, que acaba-
vam junto dos seus, inclinam-se as frontes 
e enchem-se de admiração as almas dignas.

Recordando os outros, os que se sub-
meteram à fé que não sentiam, tem-se a
ideia de um rebanho hipócrita pronto a
fingir e, por consequência, a exagerar as
suas manifestações. Por isso digo que o
cristão novo é refalsado e julga que a pró-
pria sombra é a do familiar do Santo
Oficio pronto a empolga-lo.

Por motivos de religião ou de politica,
sacrificar-se quem não pensa como os
dominadores, é próprio de bárbaros que
arvoram bandeiras de civilizados, como
sucedeu na Alemanha de Hitler, esse louco
que contaminou uma nação predisposta
para a alucinação colectiva.

Na itália, o "duce", que esquecera a
própria fome e a miséria, passadas durante
a sua emigração na Suíça, pretendeu exter-
minar os judeus. Não os viu de rastos e
súplices, mas prontos a afrontar a morte.
Um deles, comandante de um regimento,
mandou formar os seus subordinados, colo-
cou-se diante deles, empunhando a ban-



deira, que jurara defender, e suicidou-se_
salpicando com o seu sangue, a signa da
Pátria.

Não era a bandeira de um Partido
como a Suástica, imposta à Alemanha,
mas a da itália que os Sabóias da deca-
dência não souberam defender.

Aquele israelita suicida foi heróico.
Não procedeu como possivelmente outros,
que, para não perderem os empregos rene-
garam a Fé de seus pais. Aquele preferiu
perder a vida.

 Da República-Lisboa, 17 da Abril de 1952.

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              CASAMENTOS

No dia 9 de Junho (16 de Sivan) reali-
zou-se em Tel-Aviv o casamento da menina
Enhe Rivkah, natural de Matosinhos (Por-
tugal), com o Sr. Shlomo Margalit, de
Petah' Tikvah (israel).

As bênçãos foram dadas pelo Rev.° Rabi
de Ramat Gan B.

Teve uma numerosa e selecta assistên-
cia. Discursaram muitos Rabinos, entre
eles o Rabi Hilel Widkind, amigo do tempo
da escola do pai da noiva.

A noiva é filha do Sr. Menasseh Ben-
dob e de D. Branca Roskin Bendob que
exerceram indústria e comércio de peles
de agasalho em Matosinhos e Porto durante
23 anos. O pai da noiva foi membro fun-
dador da Comunidade Israelita do Porto,
onde exerceu funções de 1.° secretário e
dedicou o seu cuidado ao ensino e ao culto
durante 20 anos pelo que foi reconhecido
como membro benemérito. O noivo é
formado pela Yeshibah de Petah' Tikvah
em anatomia. O jovem casal fixou resi-
dência em Haifa. O pai da noiva veio
residir para o Porto empregando na comu-
nidade a sua boa acção cultual e cultural.

-No dia 4 de Junho casou-se a menina
Sonia Halpern, sobrinha do Sr. Armando
Halpern, um dos sócios fundadores da
Comunidade Israelita do Porto, com o
Sr. Natan Mucznick, na Sinagoga Shaaré
Tikvah (Portas da Esperança) à Rua Ale-
xandre Herculano-Lisboa.

               Siman Tob - Mazal Tob
               (Bom sinal - Boa estrela)


 
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