8 HA-LAPID ====================================== bardia, o reconhecimento da força que lhes empolga o corpo e a alma. Não é melhor sacrificar o corpo e bra- dar bem alto a sua fé?! Foiheando, ao acaso, a história das per- seguições aos iraelitas, encontramos aquele decreto cruel do mais feliz e do menos valoroso rei de Portugal, da dinastia de Aviz, D. Manuel I, pelo qual ordenava o sequestro dos filhos dos judeus. O amor da familia hebraica é tradicio- nal. Amam os filhos como a continuação de si próprios e da raça; labutam para que sejam ricos e venturosos e nos seus lares reina a dignidade. A educação da prole, dentro dos princípios da sua reli- gião, é feita com todo o critério e sem desvio. Quando o decreto, datado de Evora, em Abril de 1497, ordenava que tirassem os filhos aos judeus, houve os que foram obrigados a entrega-los às autoridades para serem educados por ordem do rei e a seu talante, dentro do catolicismo, mas também houve, entre os que expoliavam do seu amor, os que preferiram matar a prole e com ela morrer do que vê-la nas mãos dos inimigos da sua fé. Que heróica e honrada resolução! Pe- rante a memória daqueles pais, que acaba- vam junto dos seus, inclinam-se as frontes e enchem-se de admiração as almas dignas. Recordando os outros, os que se sub- meteram à fé que não sentiam, tem-se a ideia de um rebanho hipócrita pronto a fingir e, por consequência, a exagerar as suas manifestações. Por isso digo que o cristão novo é refalsado e julga que a pró- pria sombra é a do familiar do Santo Oficio pronto a empolga-lo. Por motivos de religião ou de politica, sacrificar-se quem não pensa como os dominadores, é próprio de bárbaros que arvoram bandeiras de civilizados, como sucedeu na Alemanha de Hitler, esse louco que contaminou uma nação predisposta para a alucinação colectiva. Na itália, o "duce", que esquecera a própria fome e a miséria, passadas durante a sua emigração na Suíça, pretendeu exter- minar os judeus. Não os viu de rastos e súplices, mas prontos a afrontar a morte. Um deles, comandante de um regimento, mandou formar os seus subordinados, colo- cou-se diante deles, empunhando a ban- deira, que jurara defender, e suicidou-se_ salpicando com o seu sangue, a signa da Pátria. Não era a bandeira de um Partido como a Suástica, imposta à Alemanha, mas a da itália que os Sabóias da deca- dência não souberam defender. Aquele israelita suicida foi heróico. Não procedeu como possivelmente outros, que, para não perderem os empregos rene- garam a Fé de seus pais. Aquele preferiu perder a vida. Da República-Lisboa, 17 da Abril de 1952. ------------------------------------------- CASAMENTOS No dia 9 de Junho (16 de Sivan) reali- zou-se em Tel-Aviv o casamento da menina Enhe Rivkah, natural de Matosinhos (Por- tugal), com o Sr. Shlomo Margalit, de Petah' Tikvah (israel). As bênçãos foram dadas pelo Rev.° Rabi de Ramat Gan B. Teve uma numerosa e selecta assistên- cia. Discursaram muitos Rabinos, entre eles o Rabi Hilel Widkind, amigo do tempo da escola do pai da noiva. A noiva é filha do Sr. Menasseh Ben- dob e de D. Branca Roskin Bendob que exerceram indústria e comércio de peles de agasalho em Matosinhos e Porto durante 23 anos. O pai da noiva foi membro fun- dador da Comunidade Israelita do Porto, onde exerceu funções de 1.° secretário e dedicou o seu cuidado ao ensino e ao culto durante 20 anos pelo que foi reconhecido como membro benemérito. O noivo é formado pela Yeshibah de Petah' Tikvah em anatomia. O jovem casal fixou resi- dência em Haifa. O pai da noiva veio residir para o Porto empregando na comu- nidade a sua boa acção cultual e cultural. -No dia 4 de Junho casou-se a menina Sonia Halpern, sobrinha do Sr. Armando Halpern, um dos sócios fundadores da Comunidade Israelita do Porto, com o Sr. Natan Mucznick, na Sinagoga Shaaré Tikvah (Portas da Esperança) à Rua Ale- xandre Herculano-Lisboa. Siman Tob - Mazal Tob (Bom sinal - Boa estrela)
N.º 150, Shevat-Tamuz 5712 (Jan-Jun 1952)
> P08