HA-LAPID 3 ======================================== eleito do Deus universal, povo graças ao qual todas as nações da terra devem encon- trar a felicidade. Então, toda a Torah se ilumina com uma imortal claridade: a Torah foi ditada a Moises para a humanidade inteira, por- que o povo de Israel é o instrutor da huma- nidade, escolhido pela Providência. E é isto que exprime esta passagem célebre do Exodo, que eu entrego à meditação de todos os partidários do famoso particula- rismo ou do feroz isolamento de Israel: "E Moisés subiu para Deus: e o Eterno, chamando-o do alto da montanha, lhe disse: Dirige este discurso à casa de Jacob, esta declaração aos filhos de Israel; Vós vistes o que eu fiz aos Egipcios; a vós, eu vos levei sobre as asas das águias, eu vos apro- ximei de mim. Doravante, se vós sois dóceis à minha voz, se vós guardais a minha aliança, vós sereis o meu tesouro entre os povos. Porque toda a terra me pertence; mas vós sereis para mim um reino de pontifices e uma nação consa- grada. Tal e a linguagem que tu terás com os filhos de Israel (Exodo, XIX, 3-6). Mas se as coisas são tais, se a Torah deve servinpara todos os homens e não apenas para o povo de Israel, esta tendên- cia deve-se manifestar por vezes directa- mente. E com efeito o que tem lugar, como vão mostra-lo alguns exemplos. Primeiramente a aliança de Deus com Noé, no Gênesis, IX, 1-17; ela aplica-se a toda a humanidade: Eis aqui (o arco-iris que parece ligar a terra ao céu) o sinal da aliança que eu estabeleci entre mim e todos as criaturas da terra. Depois o Decálogo, a mais importante das revelações que relata a Torah, faz-se notar pelo seu carácter de universalidade. Também ele está na base das legislações de todos os povos civilizados, depois da difusão do cristianismo. E contudo este Decálogo não começa por uma declaração na aparência particularista: "Eu sou o Eterno teu Deus, que te fez sair do pais do Egipto, duma casa de escravidão", mas que examinada de perto, relembra a Israel que ele não saiu da escravidão egípcia senão para receber o depósito sagrado duma Lei de alcance universal? Quando, nos Números. XVI, 23, Moisés e Aarão íntercedem em favor dos rebeldes da facção de Coré, é ao "Deus dos espí- ritos de toda a carne" que vai a sua súplica, e não ao Deus dos pais ou ao Deus de Israel; é que eles falam em nome da jus- tiça e que a justiça é de ordem universal: "ó Deus, Deus dos espiritos de toda a carne! Quê, um só homem terá pecado e tu te irritarias contra a comunidade in- teira? Mais longe, no capitulo XXVII, versi- culo 16 Moisés emprega a mesma qualifi- cação para pedir a Deus para designar o seu sucessor: "Que o Eterno, Deus dos espiritos de todo a carne, institua um chefe sobre esta comunidade, que caminhe sem cessar à sua frente e que dirija todos os seus movimentos; a fim de que a comuni- dade do Eterno não seja como um rebanho sem pastor". A aparição deste atributo universalista ao nome quadrilátero mostra superabun- dantemente que este último nunca se pode aplicar a um deus nacional. (Do a Univers Israelita- 2-Ju1ho-1926). ------------------------------------------ FALECIMENTOS No dia 26 de Dezembro de 1951 faleceu na Lunda (Angola) Norberto (David) Au- gusto Moreno, agente técnico de Engenha- ria em serviço na Companhia dos Diaman- tes de Angola, em consequência de choque entre a moto com sidecar que conduzia e um camião pesado, tendo a morte sido instantânea. -No dia 25 de Fevereiro realizou-se o funeral da Ex.ma Sr.a D. Berta Sarah Oppe- nheim no cemitério municipal de Agra- monte, tendo sido feitas as devidas orações funebres pelo nosso director segundo o rita sephardi (luso-hispânico). VISITANTES Em Maio visitou o nosso templo Sina- goga Kadoorie Mekor H'aim o Sr. Fred Ascher, de Chicago (U. S. A.) que se mostrou encantado com este monumento judaico na cidade do Porto. Em Junho também tivemos o prazer de receber a visita do Sr. Dr. Maurice Ettin- ghausen, de Londres.
N.º 150, Shevat-Tamuz 5712 (Jan-Jun 1952)
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