HA-LAPID 3 ===================================== de D. João IV. Por falsa indicação, Vila Real partiu para a Rochela, a fim de os receber, mas só chegariam mais tarde, em 1 de Março de 1641, tendo pedido ao israelita que os procurasse antes de entrarem na capital da França. Eram eles o monteiro-mor Francisco de Melo que tanto lutara para a Res- tauração e António Coelho de Carvalho. Foram acompanhados pelo Vila Real na primeira audiência que se realizou em Saint Germain pela Semana Santa. Conduziria o bispo de Lamego junto do rei da França. O denodado D. Miguel de Portugal, o antiste nomeado embai- xador em Roma, sentiu tanto a influên- cia de Vila Real que ficou muito admi- rado ao saber que desejava voltar para o reino. Acompanhava o prelado o famoso Pantaleão Rodrigues de Sá, depois bispo de Elvas. Não deixou a capital francesa naquela data o arteiro, subtil e talentoso Manuel Fernandes Vila Real. Representou, ofi- ciosamente, Portugal, até à chegada do embaixador conde da Vidigueira, quando pensava seguir a corte até Perpinhão no seu cargo diplomático. Findos os trabalhos políticos, insta- lou-se em Ruão com sua mulher. Apare- cera o livro de Caramuel contrário à Restauração e o embaixador pediu ao agente portugues que respondesse ao ousado atacante das direitas de D. João IV. Foi publicada em 1643 a obra de Vila Real: "Ante Caramuel ó defense del manifiesto del Reyno de Portugal que escrevio Juan Caramuel Lobkowistz". Deveu-se-lhe, também, a melhor e mais assídua colaboração nos livros intitulados: "Mercure Portugais ou Relations Politíques de 1a fameux revoluion d'Stat arrivee en Portugal depuis la mort de D. Sebastien Junqu'au commencement de Jean IV ó present regnant". Escrevia tão bem na lingua francesa, como em espanhol e em latim e italiano. A sua obra foi dedicada à defesa da Restauração em assinalados serviços. Quando pensou em publicar livros de outro género, recairam sobre eles as censuras inquisitoriais como sucedeu com "El politico Christianissimo", Confiado na sua acção no estran- geiro no que lidara para bem do seu pais e do seu novo rei, Manuel Fer- nandes Vila Real dirigiu-se para Lisboa julgando ser bem recebido. No dia 6 de Abril de 1649, chamaram-no a Mesa da Inquisição; ouviram-no acerca dos tantos censurados, deixaram-no em liberdade, mas frei Inácio Galvão, um dos cen- sores, declarou ser preciso proceder contra o autor da obra incriminada. Achava-se muito "ajudaizada". Não havia mais contemplaçoes. O escritor caíra nas garras dos dominicanos. Acusaram-no de introduzir no reino livros proibidos e, desde logo, entrou no cárcere da penitência. Começou a sua desgraça no dia 30 de Outubro de 1649. Acusavam-no de sectário da lei de Moisés, como se provava pelo comércio feito com israelitas em Ruão e noutros pontos, onde além do trato do negócio, pois gozava de suas inti- midades. O denunciante era um padre que ele não quizera servir na França e com o qual entrara em rivalidade. De causa alguma serviu a intervenção do conde da Vidigueira e de outros amigos. A sentença foi lavrada e Manuel Fernandes Vila Real, tido por hereje, cristão-novo, mas judaizante, subiu ao patibulo e foi garrotado e queimado no auto-de-fé de 1 de Dezembro de 1652. Celebrava-se o décimo segundo ani- versário da Restauração de Portugal por cujo exito tanto lidara, antes e depois da revolução. Os Vila Real ficaram na França, donde, naturalmente, passaram a Londres, e uma das descendentes da familia presita foi a segunda mulher, de Benjamim de Israeli e avó do futuro grande ministro da rainha Vitória. Do Comércio do Porto, 13-Abril-950 --------------------------------------- Solenidades em 1958 Purim - 6 de Março Páscoa - 5 de Abril Shebuoth - 25 de Maio 9 de Ab - 27 de Julho Rosh Hashanah - 15 de Setembro Kipur - 24 de Setembro Sukoth - 29 de Setembro Hanukah - 7 de Dezembro
N.º 155, Tishri 5718 (Set 1957)
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