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N.º 155, Tishri 5718 (Set 1957)







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             HA-LAPID                5
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e perseguido não sería preferível possuir
o Uganda do que não possuir coisa
alguma?

A verdade, porém, é que essa terra
de Africa nada dizia aos corações judeus.
Não era ali Jerusalém; não era dela que
a Biblia falava... Para quê aceitá-la?
Israel continuaria sem pátria e conti-
nuaria a sonhar eternamente com a que
Tito destruira.

Para todos os sionistas (e haverá
algum judeu que não seja sionista?) só
a Palestina era ardentemente desejada
e querida.

Teria sido, realmente, um erro essa
recusa? A existência do jovem Estado
de Israel é a resposta mais clara¡

Os judeus sofreram, mas souberam
esperar. A promessa biblica cumpriu-se:
de todos os pontos do mundo, os filhos
dispersos de Israel voltaram. Os sonhos
de Theodor Herzl, o criador do sionismo
politico, realizaram-se. Os laranjais tor-
naram a florir. A Primavera voltou às
terras de Sião. Pode comemora-se
agora, com dobrada alegria, a festa da
libertação, a festa nacional da Páscoa!

Como Herzl se sentiria orgulhoso e
feliz se pudesse, por um instante só que
fosse, contemplar a sua obra! Ver as
cidades erguidas e os campos cultivados
e admirar, enternecido, a redenção do
seu povo!

Israel, porém, continua rodeado de
inimigos. O sangue continua a correr e
a Paz, tão desejada, é ainda um sonho
longínquo para os judeus... De espin-
garda à cabeceira, homens e mulheres,
tem que estar sempre alerta, defendendo,
palmo a palmo, a pequenina terra que
Deus lhes deu.

A batalha de Israel prossegue. A tra-
gédia do povo eleito não está ainda com-
pletamente terminada...

Todos estes problemas angustiosos
foram admiràvelmente focados pelo eru-
dito e ilustre portugués Dr. Augusto
d'Esaguy, nos seus livros: "Grandezas
e Misérias de Israel", "Europa 39", "Ingla-
terra 40", "Panorama de Israel na Eu-
ropa" e "Nasceu um Estado, Israel".

É vasta e conhecida a obra do Dr. Au-
gusto d'Esaguy, médico distintíssimo que
à medicina tem dedicado grande parte
do seu labor científico e literário.

 

Jornalista e escritor, duma actividade
brilhante e incansável, não é, portanto,
de estranhar que, durante a segunda
Guerra Mundial e quando os judeus
estavam a ser mais bàrbaramente per-
seguidos, tivesse vindo enriquecer as
letras portuguesas com mais estas obras
que, no seu estilo emotivo e admirável,
esclarecem e conduzem o leitor ao âmago
do drama judaico.

Em "Grandezas e Misérias de Israel",
o primeiro desta série, publicado em 1939,
o leitor encontra, logo nas primeiras
páginas, dedicadas a Theodor Herzl, a
definição do que é o sionísmo: "O sio-
nismo é a doença da alma de Israel, a
mais profunda de todas as paixões da
alma de Israel. Todos os povos emigram
na miragem do oiro; Israel emigra, des-
prezando o oiro, na miragem eterna de
uma Pátria".

O diagnóstico do Dr. Augusto
d'Esaguy é exacto. O sionismo "que
significa o regresso dos judeus à Pales-
tina" é, de facto, a doença da alma de
um povo inteiro que, como nenhum
outro, soube por dolorosa experiência
o que era não ter pátria.

Perpassam depois, neste livro, as
visões trágicas dos "ghettos, a injustiça
e a crueldade do povo polaco, "dos estu-
dantes polacos que noite alta, assaltam
e destroem a vida e os haveres dos
judeus, os cemitérios e os templos".

Aparecem rápidas, mas profundas
análises à obra de Isaac L. Perez, es-
critor judeu polaco que "melhor do que
ninguém compreendeu e sentiu a vida
dos "ghettos" a miséria ancestral e a
dor de Israel", e à obra de Scholem- 
Aleichem, escritor igualmente polaco e
igualmente admirável que, como Perez,
escreveu os seus livros em "ydish", a
lingua do "ghetto", "a língua-dor, a lin-
gua-tragédia, a lingua que melhor traduz
a ansiedade do povo escolhido".

E referindo-se ainda à vida horrivel
dos judeus polacos: "Contemplei, com
os meus olhos ocidentais, cheios de azul
do mar, toda a tragédia de Israel; o
negrume da noite; os lábios das crian-
ças que não sabem e não podem rir; os
velhos de olhos macerados pelo estudo
e pelas noites de vigilia; as mulheres
em cujos rostos se adivinham os ecos


 
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