HA-LAPID 4 ==================================================== breve no qual nomeava F. Afonso de Afraão, religioso franciscano para o logar de inquisidor dos reinos de Portugal a Algarves, mas com a clausula que esta disposição da qua não sercearia os direitos dos mon- ges que eram inqulaidorea. Martinho V por um breve de 5 de Fevereiro de 1418 dividiu a poninsula hispanica para fins inquisi- toriais em três provincias, a saber Provincia de Espa- nha (castela, Toledo, Murcia, Estremadura, Andalu- sia, Biscaia e Asturias de Santilhane, Provincia de Santiago (Leon, Galisa e Asturias de Oviedo) e Pro- vincia de Portugal, (esta país e terras sob o seu do- mínio. Desde este momento, os provinciais de Portugal foram inquisidores gerais do reino. Llorenie e Monteiro Tal era o estado da Inquisição em Espanha em 1474, quando isabel, mulher de Fernando de Aragão, rei da Sicilia, subiu ao trono da Castela, depois da morte de Henrique 4.°, seu irmão. Pela morte de João II (2.°), rei de Aragão seu filho Fernando reuniu em 1479 esta coroa à da Sicilia, em breve juntou a Castela o reino de Granada que conquistou aos mou- ros em 1492 e enfim a Navarra da qual daspojou joão d'Albret. Com o casamento de Fernando e Isabel foram reunidos sob o mesmo ceptro todos os territórios his- panicos, excepto Portugal. BARROS BASTO ------------------- Carta particular (Ao meu caro amigo Rovala como resposta aos seus artigos que me dizem respeito publicados no jornal "Povoa de Lanhoso") Perdõe me o meu amigo e não veia nas minhas palavras uma falta de cumprimento da promessa que lhe fiz de não levantar discussão ou polémica pelos seus artigos em que, embora delicadamente, ia atacando a minha crênça e defendendo a sua. Bem vê que o deixei terminar as suas amabilidades e censuras quási sem abrir bico. Venho apenas agora dizer-lhe algumas palavras a propósito sem o mais leve intuito de o magoar. Vou talvez fazer-lhe uma revelação que o vai surpreender e lhe vai provar a supe- rioridade duma fé raciocinada sôbre até daquêles que "acatam e não discutem", isto é, sobre a fé daqueles que nunca procura- ram desvendar ou compreender mistério ou dogma algum. Começo por lhe dizer que da luta moral que se travou entre mim e M. A. estou quási a triunfar por completo sem, contudo transigir absolutamente em nada. Lembrei- -me apenas do adágio "água mole em pedra dura tanto dá até que fura" e tratei de o aplicar ao nosso caso. Recorda-se de lhe dizer que fiquei imen- samento satisfeito por saber que M. A. era uma católica arreigada, pronta a fazer todos os sacriticios pela sua religião? Sabe porque lhe dizia isto? E' que eu sei que é mais fácil substituir um ideal por outro do que dá-lo a quem o não possue. Dá-se com a religião, sob êste ponto de vista, a mesma coisa que com o amor. Diz a filosofia que o amor e o ódio são o mesmo sentimento apenas com o sinal contrário e é bem verdade. Uma crea- tura que amou deveras outra pode fàcilmente vir a odiá-la, mas não pode com a mesma facilidade tornar-se indiferente. Foi por isso que vendo em M A. uma católica arreigada me lembrei que tinha ali material para fazer uma judia, ou seia uma mulher com a minha crênça. A obra ainda não está acabada mas julgo que os obstáculos existentes entre nós estão quási vencidos, visto que M. A. começou a abrir os olhos e a ver a supe- rioridade da minha religião sobre a dela. Não ignora tambem que temos o dever moral de caminhar para a superioridade, para o progresso e para a Luz. Só os imbecis, aqueles que não passam de bons cevados pois comem e dormem razoável- mente, é que tendo aberto o caminho da superioridade e do progresso se recusam a enveredar por êle. Só os ladrões e os co- bardes é que estando nas trevas e vendo a luz preterem permanecer nas primeiras. Por isso espero que M. A. tenha com gem para seguir o caminho do progresso, para deixar as trevas em que tem permane- cido e comece uma nova vida que, estou bem certo, lhe dará um enorme conforto es- piritual. Admiro e amo todas as creaturas que trabalharam a vida inteira para a rea- lização dum ideal, que viveram procurando uma luz cada vez mais intensa e morreram dizendo como o sábio "Luz, quero mais luz". Peço-lhe, meu caro amigo, que vá con- tinuando a perdoar a minha franqueza, aliás caracteristica, e se não magôe com ela. Permita que lhe diga que algumas fra- ses dos seus artigos bem como das cartas
N.º 077, Heshvan-Kieslev 5697 (Out-Nov 1936)
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