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N.º 077, Heshvan-Kieslev 5697 (Out-Nov 1936)







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                  HA-LAPID                        4
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breve no qual nomeava F. Afonso de Afraão, religioso
franciscano para o logar de inquisidor dos reinos de
Portugal a Algarves, mas com a clausula que esta
disposição da qua não sercearia os direitos dos mon-
ges que eram inqulaidorea.

Martinho V por um breve de 5 de Fevereiro de
1418 dividiu a poninsula hispanica para fins inquisi-
toriais em três provincias, a saber Provincia de Espa-
nha (castela, Toledo, Murcia, Estremadura, Andalu-
sia, Biscaia e Asturias de Santilhane, Provincia de
Santiago (Leon, Galisa e Asturias de Oviedo) e Pro-
vincia de Portugal, (esta país e terras sob o seu do-
mínio.
Desde este momento, os provinciais de Portugal
foram inquisidores gerais do reino.

                              Llorenie e Monteiro

Tal era o estado da Inquisição em Espanha em
1474, quando isabel, mulher de Fernando de Aragão,
rei da Sicilia, subiu ao trono da Castela, depois da
morte de Henrique 4.°, seu irmão. Pela morte de
João II (2.°), rei de Aragão seu filho Fernando reuniu
em 1479 esta coroa à da Sicilia, em breve juntou a
Castela o reino de Granada que conquistou aos mou-
ros em 1492 e enfim a Navarra da qual daspojou
joão d'Albret.

Com o casamento de Fernando e Isabel foram
reunidos sob o mesmo ceptro todos os territórios his-
panicos, excepto Portugal.

                                    BARROS BASTO

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Carta particular

                (Ao meu caro amigo Rovala como
                resposta aos seus artigos que me
                dizem respeito publicados no jornal
                "Povoa de Lanhoso")

Perdõe me o meu amigo e não veia nas
minhas palavras uma falta de cumprimento
da promessa que lhe fiz de não levantar
discussão ou polémica pelos seus artigos
em que, embora delicadamente, ia atacando
a minha crênça e defendendo a sua.

Bem vê que o deixei terminar as suas
amabilidades e censuras quási sem abrir
bico. Venho apenas agora dizer-lhe algumas
palavras a propósito sem o mais leve intuito
de o magoar.

Vou talvez fazer-lhe uma revelação que
o vai surpreender e lhe vai provar a supe-
rioridade duma fé raciocinada sôbre até
daquêles que "acatam e não discutem", isto
é, sobre a fé daqueles que nunca procura-
ram desvendar ou compreender mistério ou
dogma algum.

Começo por lhe dizer que da luta moral



que se travou entre mim e M. A. estou
quási a triunfar por completo sem, contudo
transigir absolutamente em nada. Lembrei-
-me apenas do adágio "água mole em pedra
dura tanto dá até que fura" e tratei de o
aplicar ao nosso caso.

Recorda-se de lhe dizer que fiquei imen-
samento satisfeito por saber que M. A. era
uma católica arreigada, pronta a fazer todos
os sacriticios pela sua religião?

Sabe porque lhe dizia isto?

E' que eu sei que é mais fácil substituir
um ideal por outro do que dá-lo a quem o
não possue. Dá-se com a religião, sob êste
ponto de vista, a mesma coisa que com o
amor. Diz a filosofia que o amor e o ódio
são o mesmo sentimento apenas com o
sinal contrário e é bem verdade. Uma crea-
tura que amou deveras outra pode fàcilmente
vir a odiá-la, mas não pode com a mesma
facilidade tornar-se indiferente. Foi por isso
que vendo em M A. uma católica arreigada
me lembrei que tinha ali material para fazer
uma judia, ou seia uma mulher com a minha
crênça. A obra ainda não está acabada
mas julgo que os obstáculos existentes entre
nós estão quási vencidos, visto que M. A.
começou a abrir os olhos e a ver a supe-
rioridade da minha religião sobre a dela.

Não ignora tambem que temos o dever
moral de caminhar para a superioridade,
para o progresso e para a Luz. Só os
imbecis, aqueles que não passam de bons
cevados pois comem e dormem razoável-
mente, é que tendo aberto o caminho da
superioridade e do progresso se recusam a
enveredar por êle. Só os ladrões e os co-
bardes é que estando nas trevas e vendo a
luz preterem permanecer nas primeiras.

Por isso espero que M. A. tenha com
gem para seguir o caminho do progresso,
para deixar as trevas em que tem permane-
cido e comece uma nova vida que, estou
bem certo, lhe dará um enorme conforto es-
piritual. Admiro e amo todas as creaturas
que trabalharam a vida inteira para a rea-
lização dum ideal, que viveram procurando
uma luz cada vez mais intensa e morreram
dizendo como o sábio "Luz, quero mais
luz".

Peço-lhe, meu caro amigo, que vá con-
tinuando a perdoar a minha franqueza,
aliás caracteristica, e se não magôe com
ela. Permita que lhe diga que algumas fra-
ses dos seus artigos bem como das cartas


 
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