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N.º 151, Shevat-Tamuz 5713 (Jan-Jun 1953)







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              HA-LAPID                3
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razão, e os argumentos que ambos lhe
surgiram contra os transcendentalismos.

Impressionado pelo nobre desejo de
pôr em harmonia os seus actos com as
suas ideias, virou, já homem feito, as
costas ao cristianismo porque o judaísmo
do Deus uno - e não trino - se lhe afigu-
rava mais simples, racional e perfeito.

                         AMILCAR PAULO.
 

      Por terras de Amaranto

    HORRÍVEL CRIME DE HERESIA!!!

Camilo Castelo Branco, no seu romance
histórico O judeu, onde trata da trágica
vida do comediógrafo António José da
Silva, refere-se a um livro intitulado Senti-
nela contra Judeus, do qual transcreve al-
gumas passagens. Consegui obter para a
minha biblioteca de trabalho um exemplar
da 1.a edição em língua portuguesa dessa
obra. No frontispício lê-se o seguinte:

            CENTINELA
              CONTRA
              JUDEUS
   Posta em a Torre da Igreja
             de Deus
            oferecida
         A Virgem S. N.  
     Com o trabalho do Padre
   Fr. Francisco de Terregonsilho

Pregador jubilado da Santa Provincia de
S. Gabriel dos Descalços da Regular
Observâncía de Nosso Seráfico S. Fran-
cisco.

     Traduzida em Português

Por Pedro Lobo Correia, escrivão da
Contadoria Geral de Guerra, & Reino.

            LISBOA

Na oficina de João Galrão

        M. D. C. LXXXIV.

Com todas as licenças necessárias.

A' custa de Manuel Lopes Ferreira.
mercador de livros.



No capítulo XI deste livro entitulado
Das diferenças que há de judeus assinala-
dos por Divina Providência a pág. 171
pode ler-se o seguinte:

"Digo pois que há muitos assinalados
Pela mão de Deus, depois que crucíficaram
a Sua Divina Majestade, uns têm uns rabi-
nhos que lhe saem de seu corpo do remate
do espinhaço:..."

E a pág. 173:

"Os que tem os rabinhos no remate
do espinhaço, são por linha direita descen-
dentes daqueles que entre eles eram Mes-
tres, a quem chamavam Rabbis, e nós
nomeamos Rabbinos: estes se assentavam
a julgar, e hoje ensinam sua lei, como
mestres, e juízes, e para pena sua, e que
assentados nãs possam estar sem moléstia,
e trabalho, lhes saem aqueles rabinhos no
próprio lugar que lhes pode causar penali-
dade".

Além destas muitas e desvairadas coisas
deste género nos diz este frei Francisco que
se fartou de meter o nariz por muitas par-
tes a fim de melhor informar os seus lei-
tores.

No capítulo XII do seu livro e a pág.
199 da sua tradução portuguesa este inte-
ressante Frei Chico, ou melhor porque é
espanhol, Frei Paco nos fala dum crime
horrível de heresia praticado por uma ama-
rantina, que por sinal era muito formosa.

E aí vai a narração do caso, que é de
arrepiar os cabelos a quem Deus dê a ven-
tura de possuí-los e tê-los. Dou a palavra
a Frei Paco:

-Em Amarante, Vila de Portugal, tenho
ouvido dizer a pessoas fidedignas que lan-
çaram uma menina de pouco nascida à
porta de um homem principal chamado
Pedro de Mendonça; criou-a ele, e cres-
cendo em sua casa, foi descobrindo em
seu rosto grande formosura, sem nunca se
poder saber cuja filha era. Dela se afei-
çoou um pagem de sua casa, e uma noite
secretamente e às escondidas, com maus
intentos entrou em seu aposento com ten-
ção de a gozar e quando a moça se foi
recolher e deitar, viu o pagem e a


 
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