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N.º 151, Shevat-Tamuz 5713 (Jan-Jun 1953)







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     ESBOÇ0 DUMA DOUTRINA JUDAICA

por DAVID BERMAN, RABI DA COMUNIDADE DE BRUXELAS

      (Continuação do número 150)

           II - Ciclo Anual

       I - Santidade em exercicio : As Três Festas

     II - Santidade geradora: As grandes solenidades

             I - Três Festas

             CAPÍTULO IX

Exercício da Santidade no ciclo anual

Nós vimos, no periodo semanal, como
cada dia era rodeado e atravessado pela
santidade, e como, no fim da semana, um
dia era inteiramente consagrado a renova-la.
Nós reencontramos este mesmo método
para o ano. Depois do período semanal,
a vida humana e a da natureza torneiam
no circo das estações: ela desperta na pri- 



mavera, atinge toda a sua energia no estio,
declina no outono, e dormita até ao pró-
ximo despertar. Cada uma das fases é
solenizada por festas: a das espigas (Pás-
coa), a das primeiras searas (Pentecos-
tes), e a das últimas colheitas (Sukoth,
Cabanas).

Neste ciclo astronómico veio introdu-
zir-se um outro que nós chamaremos:
ciclo moral; este começa no momento em
que o outro inaugura o seu sétimo mês.
Um período de Dez Dias de Exame de
Consciência se abre pela solenidade de

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primeira coisa que fez, foi tirar de um
cofre um Santo Cristo, e açoutá-lo cruel-
mente.

Confuso o moço, e admirado com o
segredo, e cautela com que entrou tornou
a sair, dando no dia seguinte conta a seu
senhor, e amo, assim de seu mau propósito,
como do que havia visto, conhecendo-se
daqui que seu mal sangue, e pior natural
as obriga àquilo".

E nada mais nos diz o Frei Paco, nem
sequer se a moça recebeu algum castigo
pelo seu acto, o que nos faz crer que não 
constava ter sido punida.

Agora, amigos e Senhores leitores, va-
mos julgar este horrivel caso. Está pro-
vado que em Amarante havia nesse tempo
uma moça bonita, mas de má raça e talvez
de pêlo na venta, possivelmente aparentada
com a célebre padeira de Aljubarrota, que
à noite quando foi para o quarto abriu um
cofre ou melhor dito um armário, donde
tirou para fora, não Miguel de Vasconcelos,
mas um santinho que lá estava escondido.
Frei Paco diz um santo cristo e está bem,
pois é vulgar nessa terra ouvir qualquer



mulher dizer a um homem que passa: "ó
Santinho, ajuda-me a pôr este cesto à
cabeça, etc.". Quanto à palavra cristo vem
do latim Christus, de grego Khistos e por
sua vez é da tradução da palavra hebraica
Mashiah, que significa ungido, ora o tal
santinho que estava dentro do armário
tinha sido ungido quando fôra baptizado.

A bela moça tirou o santinho do armá-
rio e deu-lhe muitos açoites. O pagem não
tugiu nem mugiu durante essa cena e só no
dia seguinte foi contar o caso ao seu amo
e senhor dum modo bem arquitectado.

Convencido estou de que o pagem ficou
tão impressionado com a incrível acção da
linda moça de má raça que durante alguns
dias apresentou algumas esmurradelas.

Forasteiros que ides a Amarante tende
cuidado porque ali há moças bem bonitas
e podem mostrar que são de má raça se
vós tiverdes qualquer mau atrevimento
com elas.

           A. C. DE BARROS BASTO.

De Flor do Tâmega-Amarante, 9 de Julho de 1950


 
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