4 HA-LAPID ========================================= ESBOÇ0 DUMA DOUTRINA JUDAICA por DAVID BERMAN, RABI DA COMUNIDADE DE BRUXELAS (Continuação do número 150) II - Ciclo Anual I - Santidade em exercicio : As Três Festas II - Santidade geradora: As grandes solenidades I - Três Festas CAPÍTULO IX Exercício da Santidade no ciclo anual Nós vimos, no periodo semanal, como cada dia era rodeado e atravessado pela santidade, e como, no fim da semana, um dia era inteiramente consagrado a renova-la. Nós reencontramos este mesmo método para o ano. Depois do período semanal, a vida humana e a da natureza torneiam no circo das estações: ela desperta na pri- mavera, atinge toda a sua energia no estio, declina no outono, e dormita até ao pró- ximo despertar. Cada uma das fases é solenizada por festas: a das espigas (Pás- coa), a das primeiras searas (Pentecos- tes), e a das últimas colheitas (Sukoth, Cabanas). Neste ciclo astronómico veio introdu- zir-se um outro que nós chamaremos: ciclo moral; este começa no momento em que o outro inaugura o seu sétimo mês. Um período de Dez Dias de Exame de Consciência se abre pela solenidade de ---------------------------------------- primeira coisa que fez, foi tirar de um cofre um Santo Cristo, e açoutá-lo cruel- mente. Confuso o moço, e admirado com o segredo, e cautela com que entrou tornou a sair, dando no dia seguinte conta a seu senhor, e amo, assim de seu mau propósito, como do que havia visto, conhecendo-se daqui que seu mal sangue, e pior natural as obriga àquilo". E nada mais nos diz o Frei Paco, nem sequer se a moça recebeu algum castigo pelo seu acto, o que nos faz crer que não constava ter sido punida. Agora, amigos e Senhores leitores, va- mos julgar este horrivel caso. Está pro- vado que em Amarante havia nesse tempo uma moça bonita, mas de má raça e talvez de pêlo na venta, possivelmente aparentada com a célebre padeira de Aljubarrota, que à noite quando foi para o quarto abriu um cofre ou melhor dito um armário, donde tirou para fora, não Miguel de Vasconcelos, mas um santinho que lá estava escondido. Frei Paco diz um santo cristo e está bem, pois é vulgar nessa terra ouvir qualquer mulher dizer a um homem que passa: "ó Santinho, ajuda-me a pôr este cesto à cabeça, etc.". Quanto à palavra cristo vem do latim Christus, de grego Khistos e por sua vez é da tradução da palavra hebraica Mashiah, que significa ungido, ora o tal santinho que estava dentro do armário tinha sido ungido quando fôra baptizado. A bela moça tirou o santinho do armá- rio e deu-lhe muitos açoites. O pagem não tugiu nem mugiu durante essa cena e só no dia seguinte foi contar o caso ao seu amo e senhor dum modo bem arquitectado. Convencido estou de que o pagem ficou tão impressionado com a incrível acção da linda moça de má raça que durante alguns dias apresentou algumas esmurradelas. Forasteiros que ides a Amarante tende cuidado porque ali há moças bem bonitas e podem mostrar que são de má raça se vós tiverdes qualquer mau atrevimento com elas. A. C. DE BARROS BASTO. De Flor do Tâmega-Amarante, 9 de Julho de 1950
N.º 151, Shevat-Tamuz 5713 (Jan-Jun 1953)
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