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N.º 151, Shevat-Tamuz 5713 (Jan-Jun 1953)







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               HA-LAPID                5
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Rosh Ha-Shanah e se termina pela de Kipur.
E como a influência destas festas continua
a exercer-se até ao seu retorno anual, é
este período que os fiéis tomaram o hábito
de contar pelo ano; de lá vem que o
primeiro dia deste periodo se tornou o
primeiro do ano (Rosh Ha-Shanah).

A' medida que o judaismo tomava cons-
ciência de si próprio, e que os seus senti-
mentos eram atiçados pelos obstáculos
acumulados para o destruir, um sentido
novo se enxertou sobre o antigo sem o
suprimir: foi assim que a festa das espigas
(Hag Ha-aviv) se tornou a da libertação
do jugo do Egipto (Zeman Heruthenu).
que o simbolo da passagem do inverno
para a primevera (Pessah) se tornou o da
protecção das casas judaicas sobre as quais
Deus passava sem maltratar; é assim.
igualmente, que Pentecostes deu à sua
razão primitiva um sentido histórico: o ani-
versário da promulgação do Decálogo, e
que Rosh Ha-Shanah é tornado o da cria-
ção. Nós vamos passar em revista rapida-
mente cada uma destas diferentes festas
que santificam o ano.

             CAPÍTULO X

               Páscoa

A festa de Páscoa, onde ela é obser-
vada, desenvolve uma atmosfera espe-
cial: toda a vida normal, as preocupações
habituais, parecem relegadas num mundo
hamets, aquele onde se come o pão leve-
dado, e que é na Páscoa o que a impureza
é na pureza. Durante os oito dias que
dura esta festa, Israel não quer ser pertur-
bado pela vida de cada dia: ele quer viver
com as suas recordações as mais pro-
fundas. Ele quer se recordar que, tal a
natureza quebrando a sua prisão hibernal.
Assim Israel saiu da escravidão egípcia; e,
celebrando esta libertação, condição do
seu renascimento para a vida, ele recorda
todas as libertações que vieram salva-lo
nos tempos mais desesperados (Be-Khol
vador-Hagadah).

Estas razões históricas não teriam bas-
tado a dar-lhe o lugar privilegiado que ela
ocupa. Se ela adquiriu uma tal importân- 



cia, é menos por ter salvo o povo judeu,
que o génio judeu, o mais ardente promo-
tor da santidade no mundo. "Deus livrou
Israel do jugo egípcio a fim de que ele
tenha a possibilidade de se elevar em san-
tidade" (Lev. XI. 45). A recordação dos
sofrimentos sofridos no Egipto não é man-
tida com o fim de inspirar um fanatismo
exaltado que certos dos nossos contempo-
râneos vão até considerar como sagrado;
ele não tem outro fim senão de nos impe-
lir a poupar aos outros um servilismo de
que nós conhecemos todo o azedume. "Se
o teu irmão, por um revés de fortuna,
chega a vender-se como escravo por Ti,
não o trates como um escravo; que ele
fique em tua casa até ao Jubileu a Titulo
de hóspede ou de mercenário" (Lev.
XXV. 39). Vitimas do egoísmo dos se-
nhores egípcios, tendo aprendido à nossa
custa a conhecer o preço da generosidade.
usemos dela largamente para os outros:
"Colhendo as vossas azeitonas ou trazendo
as vossas vindimas, não volteis atraz para
apanhar o que podeis ter esquecido, dei-
xai-o para o estrangeiro, para o órfão e
para a viúva, em recordação da saida do
Egipto" (Deuteronômio XXIV, 22).

Estas prescrições não foram ditadas uni-
camente em beneficio dos Israelítas; não
só o estrangeiro não é excluído, mas o
egípcio tem o mesmo direito às mesmas
atenções (Deut. XXXIII, 8). A recordação
da saida do egipto inspirou uma legislação
toda baseada sobre o respeito da persona-
lidade humana e da justiça social.

             CAPÍTULO XI

             Pentecostes

Depois da Páscoa, a santidade atravessa
o ano judaico pela festa das Sete Semanas
ou Pentecostes (Shabuoth).

Esta festa, que foi na origem a das
primeiras colheitas dos cereais (Hag ha-
-bicurim), tornou-se, por uma evolução
análoga à da Páscoa, a festa das primícias
da vida espiritual, a da promulgação da
Lei do Sinai (Zeman matan Torathenu).
Aos descendentes de Israel afinados por
séculos de cultura moral, a simples santi-


 
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