2 HA-LAPID ======================================= ESBOÇO DUMA DOUTRINA JUDAICA por DAVID BERMAN, RABI DA COMUNIDADE DE BRUXELAS (Continuação do N.° 152) CAPÍTULO XVI Circuncisão, Bar-Mitsvah, Casamento, Morte III - Ciclo da Vida Não é cada dia, não é cada ano, é toda a vida que é cercada de santidade, desde o nascimento (circuncisão) até a morte, passando pela adolescência (Bar- -Mitsvah) e o casamento (Kidushim). O israelita nasce em via de constituir um valor moral; ele celebra o dia em que começa a tomar consciência das suas responsabilidades na existência: ele festeja, e a comunidade toda inteira festeja com ele, o momento em que ele se une a uma companheira em vista de assegurar a continuidade do espírito eterno, mantido pelo génio d'Israel, e no momento, de morrer, il põe o seu orgu- lho a entregar a Deus a alma pura que dele tinha recebido. CAPÍTULO XVII Circuncisão Desde o seu nascimento, o israelita é marcado com um sinal que o inscreve na comunidade de Israel: a circuncisão. Ele entra assim na vida não como uma simples célula animal, mas como um valor moral. A razão higiénica que pode determinar este uso na origem não é certamente a que o fez manter com uma singular tenacidade, ao ponto que a Biblia declara que "aquele que não acei- tar este símbolo será irradiado da lista do seu povo" (Gen. XVII, 14). Se este rito é tornado um símbolo de ligação ao judaismo e que este aí vê "uma aliança entre Deus, duma parte. Abraham e a sua descendência da outra". A circun- cisão é de tal modo ligada à ideia de fidelidade ao judaismo que ela serve de expressão simbólica aos profetas para designar a própria fidelidade: "Circun- cisai o prepúcío de vossos corações e (Deut.) não endureceis mais a vossa nuca." X, 16). Em duas palavras: en- trando na vida, o israelita entra na comu- nidade dos descendentes de d'Abraham (leha-Khnissó bivrithó chel Abraham avinu) e por lá na humanidade moral- mente civilizada. Certos acharão talvez estranho que se determine a religião dum homem antes mesmo que ele tenha podido con- ceber a menor opinião pessoal e dar a sua adesão. Mas aqueles esquecem que é uma toda outra coisa que formular raciocínios objectivos, como na ciência, e obdecer a raciocinios subjectivos. como na moral. Com uma inteligência suficientemente desenvolvida, um ho- mem se porá sempre ao corrente das teses e das ideias que poderão interes- sá-lo, e se ele se sente incapaz de esco- lher o seu ponto de vista pessoal, a sua abstenção não será prejudicial a nin- guém. Ele é todo de outro modo na vida moral, onde ninguém se pode abster e onde a atitude de cada um na vida nos interessa a todos. Ora, esta será determinada, menos pela maneira de raciocinar, que pelo conjunto dos sen- timentos que serão formados com o desenvolvimento do indivíduo, sua expe- riência dos homens e das coisas e as impressões que ele tiver guardado. Estes mesmos censores, de resto, não tardarão seus filhos nos exercicios corporais ou nas artes de divertimentos, sem que eles estejam em estado de exprimir uma preferência em favor dum método ou dum outro. Eles também
N.º 154, Tishri 5717 (Set 1956)
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