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N.º 154, Tishri 5717 (Set 1956)







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 2            HA-LAPID
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    ESBOÇO DUMA DOUTRINA JUDAICA

por DAVID BERMAN, RABI DA COMUNIDADE DE BRUXELAS

    (Continuação do N.° 152)

            CAPÍTULO XVI

Circuncisão, Bar-Mitsvah, Casamento,
               Morte

        III - Ciclo da Vida

Não é cada dia, não é cada ano, é
toda a vida que é cercada de santidade,
desde o nascimento (circuncisão) até a
morte, passando pela adolescência (Bar-
-Mitsvah) e o casamento (Kidushim).
O israelita nasce em via de constituir
um valor moral; ele celebra o dia em
que começa a tomar consciência das
suas responsabilidades na existência:
ele festeja, e a comunidade toda inteira
festeja com ele, o momento em que ele
se une a uma companheira em vista de
assegurar a continuidade do espírito
eterno, mantido pelo génio d'Israel, e no
momento, de morrer, il põe o seu orgu-
lho a entregar a Deus a alma pura que
dele tinha recebido.

           CAPÍTULO XVII

             Circuncisão

Desde o seu nascimento, o israelita
é marcado com um sinal que o inscreve
na comunidade de Israel: a circuncisão.
Ele entra assim na vida não como uma
simples célula animal, mas como um
valor moral. A razão higiénica que pode 
determinar este uso na origem não é 
certamente a que o fez manter com uma
singular tenacidade, ao ponto que a
Biblia declara que "aquele que não acei-
tar este símbolo será irradiado da lista
do seu povo" (Gen. XVII, 14). Se este
rito é tornado um símbolo de ligação ao
judaismo e que este aí vê "uma aliança



entre Deus, duma parte. Abraham e a 
sua descendência da outra". A circun- 
cisão é de tal modo ligada à ideia de
fidelidade ao judaismo que ela serve de
expressão simbólica aos profetas para
designar a própria fidelidade: "Circun-
cisai o prepúcío de vossos corações e
(Deut.) não endureceis mais a vossa
nuca." X, 16). Em duas palavras: en-
trando na vida, o israelita entra na comu-
nidade dos descendentes de d'Abraham
(leha-Khnissó bivrithó chel Abraham 
avinu) e por lá na humanidade moral-
mente civilizada.

Certos acharão talvez estranho que
se determine a religião dum homem
antes mesmo que ele tenha podido con-
ceber a menor opinião pessoal e dar a
sua adesão. Mas aqueles esquecem que
é uma toda outra coisa que formular
raciocínios objectivos, como na ciência,
e obdecer a raciocinios subjectivos.
como na moral. Com uma inteligência
suficientemente desenvolvida, um ho-
mem se porá sempre ao corrente das
teses e das ideias que poderão interes-
sá-lo, e se ele se sente incapaz de esco-
lher o seu ponto de vista pessoal, a sua
abstenção não será prejudicial a nin-
guém. Ele é todo de outro modo na
vida moral, onde ninguém se pode abster
e onde a atitude de cada um na vida
nos interessa a todos. Ora, esta será
determinada, menos pela maneira de
raciocinar, que pelo conjunto dos sen-
timentos que serão formados com o
desenvolvimento do indivíduo, sua expe-
riência dos homens e das coisas e as
impressões que ele tiver guardado.
Estes mesmos censores, de resto,
não tardarão seus filhos nos exercicios
corporais ou nas artes de divertimentos,
sem que eles estejam em estado de
exprimir uma preferência em favor dum
método ou dum outro. Eles também


 
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