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N.º 154, Tishri 5717 (Set 1956)







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             HA-LAPID             5
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trado porto e a 11 desse mês os tripulan-
tes amotinaram-se sendo o almirante
atacado pelo imediato. Mas Colombo
deitou abaixo o assaltante com alguns
socos bem aplicados. Ao mesmo tempo,
Lope de Gor incitava os homens a ati-
rarem o almirante ao mar. Este, imper-
turbável, esperava a pé firme o primeiro
que arremetesse. A confusão era terrí-
vel. Só se ouviam insultos e imprecau-
ções, quando de repente o vento come-
çou a enfunar as velas das embarcações;
isso fez com que o almirante desse
ordem para marchar avante. Mas tanto
o imediato como Lope de Gor davam
contra-ordens à tripulação, incitando-a
que voltasse para Portugal e Espanha
e não obedecesse ao almirante. Em vão
este pedia aos homens que tivessem
juízo e lhe obedecessem. E a disciplina
a bordo já quase não existia.

Foi nesta altura, quando uma tragé-
dia histórica estava quase a desenro-
lar-se, que o rapaz postado de vigia na
torre do mastro, gritou com toda a
força dos seus pulmões: "Terral...
Terra!... Terra|...". Esta palavra má-
gica fez com que os homens se conti-
vessem e, num momento, como que
por milagre, a atitude dos amotinados
transformou-se de revolta em alegre
demonstração de apoteose. Os homens
atiraram-se ao chão do convés, ajoe-
lhando-se diante da figura magestosa
e impassivel do almirante, beijando-
-lhes os pés e pedindo perdão do acto
cometido.

Não quis o almirante Colombo vin-
gar-se nem castigar os culpados. A sua
hora tinha chegado: era a ocasião para
ser generoso e dar graças à Providência.

Chamando então seu filho Fernando,
que o acompanhava na viagem, e Luís
Torres, sobrinho do judeu que tinha
sido o principal contribuinte para a
empresa, Colombo fez face aos homens
e, apontando para a terra desconhecida
que mais tarde veio a chamar-se, não
a Índia, mas a América, proferiu o
discurso histórico que demonstra clara-
mente o papel dos judeus na descoberta
deste Novo Mundo:

"Nesta hora gloriosa, quando pela
primeira vez vamos pisar o solo desta
terra dos meus sonhos não devemos.



olvidar o homem que foi o único que
tornou realidade esta aventura, contri-
buindo com os dinheiros necessários
para ela. Esse homem foi Luis Santan-
gelo, o "marrano" o judeu e a ele
devemos tudo. Aqui vos apresento seu
sobrinho, Luis de Torres. Vai ser ele
agora o primeiro a entrar no bote que
nos levará a terra, e será ele também
o primeiro a pôr o pé nessa terra. Não
se dirá que Cristóvão Colombo, espa-
nhol e cristão, obediente servo de Sua
Majestade e da Igreja, não sabe ser
grato e reconhecido para quem o fez
grande e vitorioso".

Foi assim que o primeiro homem a
pisar terra americana se chamou Luis
Torres, um "marrano" e judeu. Os pa-
péis de Colombo provam isso sem dei-
xar a menor dúvida.

   (Da Gazeta do Sul 9-1-1955)

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            NOSSAS PERDAS

A 27 de Dezembro de 1954 faleceu 
em Lisboa o bondoso Engenheiro An-
tónio Monteiro Azancot, natural de 
S. Tomé. Foi enterrado no Cimitério
Israelita.

A 19 de Abril de 1955 faleceu no
Porto o piedoso israelita Asriel Brons-
tein e foi enterrado no cimitério israe-
lita de Lisboa.

A 29 de Julho de 1955 faleceu no
Porto o professor de contabilidade Ma-
nuel Oliveira Brandão, um dos pri-
meiros cripto-judeus que entrou ofi- 
cialmente na Comunidade israelita do
Porto.

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    Do velho Floc-lore comercial
            português

    Libra-te do moura e do judeu
    E do homem de Viseu, 
    Vem depois o braguez 
    Que é pior que todos três, 
    E o do Porto com seu contrato
    Que é pior que todos quatro.


 
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