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N.º 154, Tishri 5717 (Set 1956)







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 4            HA-LAPID
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OS JUDEUS

e o descobrimento da Hmérviea

    (Continuação do N.° 153)

Colombo conseguiu ocultar a sua
origem e assim passou-se à discussão
do seu projecto marítimo. Não há dú-
vida de que a ideia de Colombo era atrac-
tiva para a corte espanhola: ao mesmo
tempo que servia de gesto de mofa e de
sarcasmo contra o rei de Portugal, que
queria monopolizar todos os descobri-
mentos, deixando os pobres espanhóis
a crescer água na boca... Mas o que
Colombo não disse à rainha foi que, se
ele tinha ideias de tão grande alcance,
as devia em grande parte aos papéis
e mapas que tinham sido propriedade
do seu sogro (Bartolomeu Perestrelo),
cuja filha era agora sua esposa. Contrá-
riamente ao que se diz, a rainha não
empenhou as suas jóias para obter
o dinheiro por meio da qual forneceria
navios e marinheiros a Colombo. Para
financiar essa empresa a corte de Es-
panha (como era também de uso nesse
tempo, mesmo em Portugal), pediu
-seria melhor dizer, "ordeno"-aos
banqueiros judeus que dessem o di-
nheiro para as despesas.

Um rico judeu, chamado Abravanel,
contribuiu financeiramente para a via-
gem com ajuda dum banqueiro amigo

 

da corte, chamado Luís de Santãngelo,
também judeu, mas que não passava
por tal ("marrano" era o nome que
nesse tempo se dava aos judeus que
fingiam ser católicos, para poderem
estar a salvo de qualquer perseguição).
Ambos, pois, adquiriram os trés navios
que trouxeram o almirante Cristóvão
Colombo para as costas americanas.
-navios que se denominavam "Santa
Maria", "Pínta" e "Nina".

Após 5 semanas de viagem por ma-
res desconhecidos ainda não se via
terra e as velas dos três navios estavam
pendentes como trapos sem que o vento
as enfunasse, e o Céu escaldava, ruti-
lante de sol abrazador. A tripulação,
insatisfeita, murmurava, preparando se
para a revolta. A incitá-la ao motim
havia a bordo um indivíduo de nome
Lope de Gor, que há última hora se
tinha associado à aventura depois, de
ter contribuído para com a compra dos
três sinos dos barcos. Ao que parece,
este Lope de Gor tinha pretensões
a substituir o almirante Colombo e a
roubar-lhe o prestígio e a fama. Assim
nos principios de Outubro de 1492, os
trés navios ainda não tinham encon-

  

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nunca senão fórmulas teóricas, que não
são aplicadas integralmente na prática
da vida e cuja moralidade se mede com
cada circunstância. É moral ter dito de
estender a face direita aos que batem
na face esquerda que ter incitado a os
desencorajar pelo medo de sanções? Há
mais cuidado com a moral em um Rabi
Simon ben-LaKiche que reconhece que
aquele que se mostra brando ali onde
convém que ele que se mostre firme se
conduzirá cruelmente quando tiver de
usar de cleméncia. De facto, o mundo
cristão não agiu com os seus rivais com



a mais mansidão e justiça que os outros.
O que faz a grandeza do judaismo, não
e tanto por ter encontrado as fórmulas
de moral as mais felizes, como dizem
os seus rivais, mas de ter estabelecido
uma poderosa corrente de vida moral
que inspirou estas próprias fórmulas e
que teimou no seu entusiasmo, o fiel,
mesmo o mais ignorante do texto escrito.
O que falta hoje ao mundo, não são
nem os tratados, mais maravilhosos
uns que os outros nem, nem as formulas
mas esta corrente de vida moral que o
judaismo soube criar e desenvolver.


 
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