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Ha-Lapid הלפיד


N.º 156, Tishri 5719 (Set 1958)







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 2                HA-LAPID
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          O Candeeiro de Hanukáh

              CONTOS EM PAPEL

Conta-nos a História que Antíoco Epifânio, rei
da Síria, oprimia crue1mente os Judeus, obri-
gando-os a adorar ídolos.

Muitos morreram, em defesa da ideia monoteísta,
até que Materias e os seus cinco filhos, cogno-
minados os Macabeus (166 a. C), organiza-
ram a revolta e lutaram corajosamente con-
tra os Sírios.

Judas Macabeu, o hérói mais notável desta famí-
lia, venceu os invasores e entrando em Jeru-
salém restaurou e purificou o Templo, onde
voltou a arder o candeeiro sagrado.

Desde então, o povo Hebreu ficou a comemorar
festivamente a Restauração (Hanukáh) da
sua pátria e, embora mais tarde disperso
pelo Mundo, continuou sempre a celebrar
essa data, acendendo em todos os lares o
simbólico candeeiro.

É sobre essa tradição hebraica o conto que ides
ter.

Rodeada de sacos, de malas, de ces-
tos e embrulhos de todos os tamanhos
e feitios, Raquel procurava desespera-
damente qualquer coisa que não apa-
recia.

De súbito, ergeu-se e, olhando deso-
lada para o resto das coisas amontoadas
a um canto da casa, exclamou:

-Não o encontro, Jacob! Não sei
onde o meti! Já revolvi tudo, já fiz
e desfiz não sei quantas vezes todos os
enibrulhos, já rebusquei dentro de todas
as malas, já despejei todos os sacos
e não consigo encontra-lo!-deixou
cair os braços, desanimada. Uma ruga
de preocupação sulcava-lhe a fronte,
outrora bela e lisa. Depois balbucionou,
quase numa queixa:

-Mas eu tenho a certeza de que
o trouxe! Não o deixei lá! Veio comigo,
sim, lembro-me perfeitamente.

-Mas, se veio, onde está?-pergun-
tou o marido, impaciente.

Ela fez um gesto largo, como se
apontasse a imensidão do mundo:

-Para aí, escondido dentro de alguma
coisa... Como posso eu ver tudo agora,
de repente?

Uma criança agarrou-lhe a saia:
-Mãe ...



- Que queres? Não vês que não
tenho tempo para te dar atenção? Vai
brincar com os teus irmãos. Deixa-me!

Tornou acurvar-se e começou a tirar
roupa, de dentro duma mala. Entre
a roupa havia loiça e objectos diversos:
sapatos de criança, livros, caixas. Nada
estava acomodado. Via-se nitidamente
que tudo ali fora metido de roldão.
Voltou a erguer-se e estendeu ao
marido um rolinho de papel:

- Vês? As torcidas estão aqui...

-Pois é, mas para que servem se
não aparece o candeeiro? Por que o não
arrumaste de maneira que soubesses
dele?

-Ó meu Deus! Como queres tu
que, no meio desta confusão, eu saiba
de todas as coisas que são precisas?
Já encontrei os pratos, o fogareiro, os
fósforos, o azeite...

A criança tornou a puxar-lhe a saia:

-Mãe, quero pão...

-Ó filho, deixa-me! É quase noite...
Preciso do candeeiro...

-Está ali!-gritou uma vozinha
alegremente.

-Não é aquele! o que eu procuro
é o candeeiro de Hanukáh.

-A mãe trouxe-o. Eu vi embru-
lhá-lo...

-E reparaste onde o meti?

O menino olhou para os volumes,
esforçandofse por se lembrar.

-Não viste onde foi?

-Parece-me que foi naquele cesto...
Raquel, já cansada, ajoelhou-se no
chão. Abriu o cesto e tirou tudo para
fora:

-Não está cá. Vê se te lembras,
Abraão!

A criança voltou a fitar os embru-
lhos:

-Talvez fosse naquela mala...

A mãe abriu a mala mas tornou a
fechá-la :

-Não foi, não. Eu já procurei aqui.

-Então, não sei.


 
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