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Ha-Lapid הלפיד


N.º 156, Tishri 5719 (Set 1958)







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             HA-LAPID
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          A MULHER JUDIA

Pelo hábito de convívio em paises
Arabes, a mulher judia relegou-se a um
plano de inferioridade que não lhe cabe.

Vejamos os exemplos da nossa his-
tória:

Quando Sara pede a Abraão, que
mande a escrava embora, e ele fica inde-
ciso, Deus lhe diz: "Não te seja isso
duro por causa do moço e por causa de
tua escrava, em tudo o que Sara te diz
ouve a sua voz."

Rebeca intercedeu para que a bênção
do primogénito fosse dada a ]acó, por-
que sabia que era o. filho mais indicado
para seguir a tradição. Apesar de Isaque
ficar supreso mais tarde, não se revol-
tou, porque estava ciente que Jacó con-
tinuaria ta tradição.

Ziporá a esposa de Moisés. circun-
dou seus filhos, para que a maldição do
Senhor não caísse sobre eles.

Miriam a irmã de Moisés era consi-
derada profetisa e tomava parte activa
na orientação do povo.

Deborá, a juíza, quando mandou
chamar Barak para atacar os exércitos
inimigos que não os deixavam perma-
necer em Canãan, Barak disse-lhe: "Se
vieres comigo irei mas se não vieres
comigo não irei". Respondeu Deborá:
"Certamente irei contigo". Ordenou-lhe
o momento de fazer o ataque por inspi-
ração divina e ganharam a batalha.



Em muitas outras passagens da Biblia
encontram-se mulheres tomando parte
activa quer na vida familiar quer na vida
politica.

Nos provérbios de Salomão encon-
tramos «Ouve filho meu, não aban-
dones o ensino de tua mãe»». Por isso
nossa lei considera judeu todo o filho
de mãe judia.

Quando recebemos os dez manda-
mentos concita-se o povo todo a
comparecer ao pé do. Monte de Sinai.
Excluindo as peregrinações a Jerusa-
lém, não há passagem -bíblica que dis-
pense a mulher dos deveres religiosos
colectivos.

O nosso saudoso Rabino Isaias Rafa-
lovich, que veio de Inglaterra extra-
nhava imensamente porque nossas mu-
lheres nãopomparecem aos serviços
religiosos. A mulher se impõe criar o
ambiente religioso na família. A religião
quando bem orientada dá o equilíbrio
moral da paz de espírito que tanto neces-
sitamos. Aos Sábados pela manhã
nenhuma Ímulher trabalha em casa, por-
que não trazer seus filhos à Sinagoga,
esquecendo um pouco a rotina diária
tão enervante e elevando seu espírito a
Deus para maior aperfeiçoamento de
sua alma. Não tendo livros de orações,
a Biblia ›é uma fonte inesgotável de
ensinamentos.
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melhor lhe convinha, no criminoso pro-
pósito de o lançar à fogueira.

Muito contribuiu também para a sua
morte, a inveja de outros escritores,
menos talentosos, que se sentiam inco-
modados com os seus êxitos e se julga-
vam atingidos pelas suas criticas.

Todos estes factos crueis nos arrepiam
e nos fazem duvidar da consciência. da
bondade e da justiça dos Homens. Por-
que a verdade é que o povo gostava de
assistir aos autos-de-fé. O povo gozava
e sentia 0 prazer terrível de ver queimar
todos aqueles que eram acusados de
heresia.

Quantos infelizes não foram reduzi-
dos a cinzas, entre os sorrisos e os
apupos duma multidão de selvagens?

E quantos talentos preciosos não se
perderam para sempre nas fogueiras do
Santo Oficio?

"Isto é grave, porque é atroz", afir-
mou Alexandre Herculano. Isto é pro-
fundamente triste e analisando os
horríveis crimes cometidos pela Inqui-
sição, ficamos com a amarga certeza de
que essa monstruosa injustiça só ser-
viu para roubar valores à Pátria, para
nos envergonhar e para empanar o
brilho glorioso da nossa História.

    17-2-1957         HANID ESTELA

(publicado no jornal "Independência d'Águeda" de 9-3-1957)


 
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