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N.º 156, Tishri 5719 (Set 1958)







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            MEMÓRIAS

da Literatura Sagrada dos judeus portugueses desde os
primeiros tempos da Monarquia até fins do Século XV

           MEMÓRIA I

  por ANTÓNIO RIBEIRO DOS SANTOS

     (CONTINUAÇÃO DO N,° 155)

Edição da Litúrgica Judaica-Às
edições dos Livros Sagrados, e Comen-
tários dos Rabbinos acrescentemos aqui
a da obra Litúrgica de Rabbi David
filho de José Avudraham intitulada Leter
tesilod, isto é, Ordem das preces de
todo o ano. Imprimiu-se em Lisboa no
ano de 1495 em iol. em duas colunas e
com carácter Rabbinico Espanhol, o qual
contém uma muito perfeita exposição
das preces Judaicas, que o autor havia
composto em Sevilha. Consta de 170
folhas, e é uma edição elegantissima.

(Desta edição de 1495 não tem falado
os Judeus, os quais dão por primeira
edição a de 1514. Mas Rossi a viu, e dela
fala na Origem da Biblioteca Hebraica
cap. VI pág. 56. E de passagem notamos
que foi feita esta edição no mesmo ano,
em que saíu à luz em Lisboa a rarissima
obra Portuguesa da Vida de Cristo, tra-
duzida do Latim de Ludolfo de Saxónia
em Linguagem por Fr. Bernardo de Alco-
baça, que foi continuado por Nicolau
Vieira, impressa em 4 tomos de fol. de
excelente carácter por mandato do
Senhor Rei D. João II, e da Rainha
D. Leonor, que é uma das mais antigas
obras que temos em nossa lingua impres-
sas em Portugal afora as I-Iebraicas,
como já dissemos, de que há quatro
exemplares em Portugal de que temos
noticia, um na Biblioteca de Alcobaça,
que também tem um Código Ml. outro
na Biblioteca do-Excelentíssimo e Reve-
rendíssimo Bispo de Beja, outro na
Biblioteca dos P.P. da Divina Provi-
dência de Lisboa e outro na dos P.P.
Franciscanos da observância da Provín-
cia de Portugal.



Estimação geral destas edições-
Estas edições antiquíssimas, que foram
as primeiras produções de nossa Tipo-
grafia Hebraica, tem a mesma estimação,
que se costuma dar a todos os Livros
Hebraicos daquele Século: porque sendo
de muito apreço todos os Livros, que
se imprimiram no principio da invenção
da Tipografia muito mais o são os
Hebraicos e deste género; e por muitas
razões.

Particularmente pela sua raridade
-I. São mais raros, que os outros, pois
que poucos exemplares se imprimiram,
por haver mui poucas Tipografias Hebrai-
cas naqueles primeiros tempos; e esses
poucos os tomaram a si os Judeus,
maiormente por ser então muito exces-
sivo o preço dos Mss. e os usaram, e con-
sumiram de maneira, que hoje apenas
aparece um ou outro, este pelo comum
gastado e mutilado; donde vem que
são raros ainda nas melhores Bibliote-
cas dos Principes, confessando todos
os Bibliógrafos. principalmene Mattaire,
que muito estudo faz em ilustrar os
Anais Tipográficos, haver visto muito
poucos.

Pela vantagem que tem sobre todos
os daquele Século-II. Estas edições
são as melhores daqueles tempos; pois
que tem óptimo papel, margem muito
larga, caracteres pelo comum elegan-
tíssimos, tinta lusidíssima, e pergami-
nhos mui brancos, e claros, de maneira,
que sobreexcedem muito na elegân-
cia, e magnificência a tudo quanto se
imprimiu depois.
                         (Continua)


 
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