4 HA-LAPID ===================================== GRANDEZÀS E MISÉRIAS DE ISRAEL por HANID ESTELA (Continuação do n. 155) Nem as crianças escaparam ao ódio vil dos homens. Só num mês, a cidade de Frankfurt viu morrer duzentas e cin- quenta crianças, porque foi proibido o fornecimento de leite às mães judias! Todavia, quando um povo tem a consciência do motivo por que ainda existe no mundo, "quando uma raça tem e é portadora de missão tão alta e poderosa, os ataques por mais violentos que eles pareçam são insignificantes, não atingem, não podem atingir o seu fim, esbarram todos de encontro à cer- teza talmúdica, mais forte que o tempo, mais resistente do que a vida". Encontramos ainda, nestas obras, interessantíssimos estudos sobre a vida inglesa, sobre Londres, Anthony Eden, Winston Churchil e sobre a França, a França da resistência, a "França eterna". "A França está sempre no fundo da minha consciência ou do meu coração. Os meus olhos portugueses quando não fixam Portugal sonham com Paris"... "Amo a França e o meu coração de latino está "quelque part en France" ao lado dos bravos soldados franceses em guerra contra o nazi-comunismo de Hitler e Esta1ine". "Inglaterra 40" dá-nos outra série de estudos sobre a Grã-Bretanha e a França, durante a Guerra, e termina com algumas apreciações à "poesia trá- gica de Morris Rosenfeld". Através desta biografia, admiràvel- mente traçada, tomamos conhecimento com o poeta judeu, nascido, na Polónia russa, que bem cedo se viu forçado a deixar a sua pátria, em 1882, fugindo aos "pogromos", às perseguições dos seus compatriotas não judeus. Errando de país para país, sentindo duramente a tragédia da emigração. conhece todos os ofícios e todas as misérias: "na Alemanha austera de Bis- marck, experimenta o ofício de tipó- grafo; na Holanda, vizinho dos judeus portugueses, o de lapidador de pedras preciosas; na América todos os ofícios que lhe podem fornecer o pão de cada dia. Espera-o a miséria em todos os pontos da terra". Desiludido, acaba por voltar à Eu- ropa. "Londres ensina-lhe um novo ofi- cio: o de cortador de fatos para os seus ----------------------------------- O pequeno mirou o candeeiro. A mãe deitara-o fora, quando comprara o outro, e ele, guardara-o, junto com os seus brinquedos. Limpara-o, carinhosamente. Raspara a ferrugem, endireitara os bicos amolgados e untára-o com Óleo. -Mãe, ele não está tão velho como julgas. Tapei o buraco que entornava o azeite... O pai examinou-o: -É verdade, Raquel. O candeeiro está arranjado e pode servir perfeita- mente. Não procures mais o outro! Passou a mão, como por acaso, sobre a cabeça de David. Depois, preparou as torcidas, deitou o azeite e acendeu a primeira luz, dizendo as habituais bençãos. Todos se tinham agrupado em volta do candeeirinho. David estava vermelho e, pela primeira vez, longe dos irmãos que batiam palmas, dançavam e canta- vam com irreprimível alegria. E quando a chamazinha trémula bri- lhou firmemente, a mãe sorriu-lhe e contemplou comovida o velho candeeiro abandonado que voltava a erguer nos seus braços a Esperança, a Esperança eterna de Hanukáh! 18-12- 1957 HANID ESTELA
N.º 156, Tishri 5719 (Set 1958)
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